domingo, 15 de novembro de 2009

E Cuba também



Sobre as viagens que ainda vou fazer, Cuba é outro destino que me atrai pela hitória política e social. O Malecón (acima) é o cenário da autobiografia de Pedro Juan Gutiérrez (Trilogia Suja de Havana) e tem as cordilheiras, o mar azul.
Haja dinheiro e ócio.    

Transmutar é...

Já pensou em percorrer uma estrada sem saber onde vai dar, nem quanto tempo o trajeto vai levar? O mais impressionante do caminho para a transformação é observar a paisagem, não se prender ao caminho e ao tempo. Isso eu li, mas não entendi como na era de devastadora ansiedade, instantaneidade, de prazeres imediatistas e fugazes, ser tão paciente. A resposta está no envelhecimento ou no alcance da temida maturidade.

Os velhos sabem esperar, são capazes de acreditar no melhor como ninguém. Hoje uma senhora que todos os dias frequenta o terraço onde fica o varal coletivo do meu prédio sorria satisfeita.

- Bom dia! Eu disse.

- Oi, bom dia! Você vê, Cristina (sempre erra meu nome) ele já está até me ajudando novamente. Referia-se ao marido. Ela comemorava a volta dele para casa, depois de uma internação repentina, há uns dois meses. Conquistei a simpatia escondida dentro daquela aparência sisuda, depois de um ano vivendo aqui no condomínio, nesse prédio descrito pelos moradores como “o mais rabugento dos quatro blocos”.
- Então, que bom ver o senhor novamente aí! Devolvi o gesto de atenção em me dar a boa-nova.
Quando ela desabafou sobre o que se passava em sua vida, senti pena: - Vou daqui pro hospital, meu marido tá muito doente, o médico disse que fez tudo, agora só depende dele (não gosto dessa frase feita dos médicos).  Naquele dia, debruçada no muro do terraço, ela demonstrou preocupação, mas não medo. Embora saiba que medo é natural e necessário, o que eu percebi foi o equilíbrio diante da situação. Poderia ser apenas resignação, talvez. Até que, hoje, nessa linda manhã ensolarada de domingo, enquanto esfrego as meias e camisetas do uniforme da Bela no tanque vejo os dois  no terraço, estendendo lençóis e toalhas, conversando. Fiquei curiosa por saber o que mudou na vida deles, cada um com uns 70 anos de idade.

Para mim, eles foram parte da paisagem que observo ao longo do meu trajeto para o amadurecimento. Ainda ontem dizia ao amigo Rubinho que faz tempo ando com a idéia de colocar uma mochila nas costas e conhecer um caminho místico. Poderia ser o de Machu Picchu, ofertado em pacotes de viagens que podemos pagar a perder de vista e do qual tenho um encantado relato da minha amiga Gigi. Ela foi antes de completar 40 anos e trouxe pra Bela a boneca que chamamos de “Juanita”, parecida com essa mãe peruana aí da foto.