domingo, 28 de novembro de 2010

Esse Avaí...

Jamais neguei que sou torcedora de oba oba e meu time é Flamengo porque não existe Santoro que descumpra tal exigência gravada em nosso DNA. Porém, os domingos dos últimos dois anos me tornaram uma observadora mais simpática desse movimento apaixonado de homens e mulheres pelo futebol. Partidas emocionantes anunciadas por bandeiras nas sacadas do meu prédio avisam que no dia reservado ao repouso, a terra vai tremer. Partidas emocionantes, pontos disputados, títulos sonhados, ascensão à elite. Queda, lágrimas, também estão nesse enredo. O fato é que não consigo mais ficar alheia, nem mesmo ignorando o noticiário. No meu trabalho muitos são os torcedores do time cujo coração pulsa no bairro vizinho e arredores. Minha rua é como se fosse a veia aorta nesse sistema por onde circulam os milhares de hemácias, com glóbulos azul e branco. Eles desembocam lá adiante, jorrando pela  avenida em direção ao estádio. Dependendo de como irrigado foi o fígado (e não estou me referindo a cervejas consumidas, mas a emoções processadas) retornam com ainda mais vigor. Então, o pulsar nos contagia aqui no alto. É bonito mesmo. Olha que nem o casal mais rabugento do prédio, o que costuma reclamar na portaria quando as crianças se esbaldam de rolimã no pátio lá embaixo, liga  para o estardalhaço do time local. Por questão de patriotismo, meu time em Santa Catarina deveria ser o Figueirense, afinal cresci lá no continente. Mas minha filha justifica:  mãe, você mora aqui, pode torcer! Esse Avaí faz coisa mesmo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O melhor de Cannes

Ontem o Sinapro realizou uma mostra dos filmes de Cannes, em Florianópolis, e eu elegi o da BBH de Londres o melhor de todos. Não só porque adoro o ator Robert Calyle, de Ou tudo ou nada, entre outras películas, mas porque achei que ali a criatividade e a inteligência na abordagem histórica da marca foram perfeitas. Não poderia ter sido mais literal a tradução do slogan Keep Walking para o filme. E o mais importante: eu que não gosto nem um pouco de uísque senti vontade de saborear um puro malte.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

What i feeling!

Querer é poder. Então, tudo é só uma questão de tempo, de paciência. Mas tempo é o que mais me falta, não a ponto de me tirar a paciência, isso não. Só que eu reclamo, nem que seja cá com meus botões, ou com meus leitores secretos, por não conseguir fazer um montão de coisas. O que posso e vou fazer é não mais ler matérias sobre "como equilibrar sua vida dedicando tempo para você". Pelo menos agora não dá. Melhor ignorar as recomendações do que deveria fazer e evitar estresse. Quer ver? Minha vizinha outro dia descia do carro esbaforida com a bolsa da academia nas mãos. Não conseguiu chegar a tempo lá porque o cliente a prendeu numa extensa e enfadonha reunião improdutiva. Atropelando seu momento de chegar em casa e desligar os aparelhos, lá foi ela, escrava do "tenho de praticar atividade física uma hora por dia" vestir a roupa da academia e dar um jeito de compensar a falta malhando ao ar livre na Baía Sul. Pior é ainda correr o risco de ser assaltada naquela escuridão, credo. Agora veja: estresse para desestressar não dá, né? Como ainda não vejo perspectiva de retomar algumas coisas que sei que me fazem bem, me contento enumerando-as numa lista de desejos, só para organizar por ordem de prioridade, para brevemente colocá-las em prática, e também para desabafar. Vai que alguém posta aquele comentário consolador "ah, eu também não tenho tempo de fazer nada do que queria e, pior, tenho uma jornada bem mais pesada do que a sua." Que seja. Ainda assim, listo os meus quereres:
1) Voltar a praticar meu Yoga duas vezes por semana bem cedinho;
2) Nadar outras duas vezes por semana em uma piscina olímpica;
3) Ir ao cinema pelo menos uma vez a cada quinzena;
4) Fazer supermercado para a semana;
5) Visitar meus pais aos domingos;
6) Fazer as unhas, cabelo e depilação regularmente no salão;
7) Reunir os amigos ao redor do meu fogão;
8) Viajar;
9) Ir ao happy hour das minhas amigas;
10) Comer peixinho na beira da praia;
11) Ganhar uma Barbie Flashdance do Papai Noel.

domingo, 21 de novembro de 2010

Glossário da moça descolê

Gosto do olhar feminino sobre as coisas, sobretudo quando é bem humorado e inteligente. Do olhar masculino de bem com a vida também. Mas como sou menina, não sei se entre eles essas "conversinhas" são tão criativas e descompromissadas sobre situações e estereótipos do comportamento humano. Fazia tempo que não folheava o meu Manual para Garotas Calientes (02 Neurônio/Conrad) e uma amiga disparou um "Fashion Descontrol" que me fez sentir uma vontade danada de repassar os olhos sobre as regras básicas para as garotas bacanas serem felizes e lidarem com coisas (pessoas e situações) uó das quais ninguém está livre nessa vida.
As fofas que postam no blog aí entre os meus favoritos são as autoras também do Superego Descontrol. Minha amiga quis saber o que de fato significava isso. Não muito segura do que literalmente definia o glossário da moça descolê arrisquei, confiando nas minhas duas celulinhas do sistema nervoso:  - ah, é o tipo que não apenas se acha a última cereja do pote. Alguém que acredita de fato nisso e tem a ilusão de que os outros também, o que é bem pior. Acertei meninas? Mas, amiga, na verdade mesmo, Superego Descontrol é um produto da série de criações do 02 Neurônio. Foi até um curta-metragem no qual amigas (que podem ser as próprias Raq Affonso, Nina Lemos e Jô Hallack) falam sobre suas experiências amorosas. Sempre acreditando no amor, claro. Indispensável para quando ainda se está sujeito a práticas no-notion é também o Guia da Mulher Superior. "A moça e seus problemas"  e "A charlatã" já me ajudaram e muito a relaxar os músculos da face em dia de fechamento descontrol, nos tempos de redação. A gente bem sabe o valor de umas fartas gargalhadas na hora certa.

sábado, 13 de novembro de 2010

O espírito da época

Quando meu pai comprou nosso primeiro video cassete, queríamos logo testar o aparelho. Mas não tínhamos nenhuma fita em casa. Aí, paramos numa locadora e eu desfilei pela frente daquela prateleira escassa atrás de algo que me interessasse. Até que um brilho neon fantástico na capa de um fita me empurrou para a escolha. Voltei para casa com o filme que marcara a leitura audiovisual dos 80 para mim e nosso ingresso às novas tecnologias de entretenimento doméstico. Era Xanadu, com Olívia Newton-John, revigorada, com nada daquele ar ingênuo de Nos Tempos da Brilhantina. Pelo contrário. A loira arrasou no circuito polainas e até hoje é diva relembrada por bacanas que comandam as melhores festas retrô.  Ivi que nos atualize sobre o fenômeno das pistas no new 80's revival.
Em homenagem a Cris, que comemorou seus 40 anos com uma superfesta à fantasia 80, e a todas as minhas amigas companheiras inseparáveis de pistas animadas, aí vai o clipe de Xaaaaaaanaduuuuuuuuuuuuuuuuuuu.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A arte de aprender a ensinar

Mais uma vez fui convidada a participar de uma aula na faculdade de Comunicação para relatar experiências como jornalista no mercado de trabalho. Como minha trajetória é 90% em comunicação institucional, com assessoria de imprensa e ferramentas afins, o tema era este. Tinha a ideia de planejar uma aula, começo, meio e fim, levar publicações, como fiz da outra vez, mas não deu. Como sempre minha rotina turbinada em três turnos e as múltiplas funções intercaladas com o direito que me concedo de estar a pequena Buda, meus pais, irmão, cunhada, sobrinhos e até meu cachorro (aliás, esse qualquer hora me reprova por frequência!) não li o que separei, não programei falas, nem anotei citações bibliográficas.
A "aula show" como definiu minha anfitriã foi exatamente o que deveria ser e não o que idealizei. Portanto, aí vai a primeira lição: frustração pelo que não fizemos não vale a pena. Nem sempre as expectativas que pensamos existir são reais. Para variar, falei tanto que o tempo estourou. Ouvi também, respondi muitas  perguntas e fiquei feliz ao manter todos ali, sentadinhos, me olhando, me ouvindo. Meu amigo e mestre que me convidou para a primeira dessas participações em sala de aula me ensinou que este é o desafio do bom palestrante, ou professor, orador: conquistar a atenção e despertar o interesse dos que ali estão para te ouvir e aproveitar o que dizes de alguma forma. Ninguém saiu da sala para fumar ou ir ao banheiro e não voltou mais. Ainda bem. Ficava constrangida ao ver professores passarem por isso.
Nunca fui mesmo muito apegada a teorias, credito a devida importância aos conceitos para orientar a prática e acho um pouco chato ficar botando citação ou nota em tudo que se fala ou escreve. Referências valorizo sim. Eu sou é muito prática e adoro as vivências, sobretudo as lições que tiro delas. Tanto quanto me deixa feliz passar adiante o aprendizado das minhas experiências.
Com os estudantes, estes para os quais falei no início da semana, os do outro convite aceito há alguns anos, com meus colegas de trabalho, colaboro e sou grata por isso. Ter a chance de contar o que vivi, bons e maus momentos, vitórias e fracassos, o que faria melhor hoje, recebo como um presente estes momentos. Adoro estar entre os mais jovens e as crianças porque gostam de uma boa historinha. A pequena Buda diz "mãe, fala daquela vez que você fez tal coisa" sempre que se depara com alguma situação em que precisamos recorrer ao manual das boas práticas da vida. Do mesmo jeito que minha mãe me ensina até hoje. Tenho uma coleção de vivências dela em histórias de fazer rir, chorar, pensar e mudar. A minha preferida da categoria "a curiosidade matou o gato" é a do dia em que ela quase foi parar no hospital com uma ervilha entalada em uma das narinas. Duvidou da vovó e quis tirar a prova, saber que cheiro tinha a bolotinha verde sobre a mesa, ignorando a recomendação sobre o perigo de se aspirar pequeninas coisas.