terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Entre jaqueiras e palmeiras reais


Foi com minha tia Lina (Acolina Santoro) que aprendi a cantarolar marchinhas e draminhas de Dalva de Oliveira. Quando eu brincava no quintal do casarão da vovó, sobre as jaqueiras, no subúrbio carioca, vestindo calcinhas brancas e enormes com babadinhos de renda no bumbum, sem "me sentir" (ainda) uma pin- up, também ouvia suas histórias sobre a prima, a atriz Fada Santoro (tem vários filmes com Cyll Farney). Na semana passada, tia Lina, bem lúcida aos 80 anos me veio em deliciosa lembrança com cheiro de talco, por causa da minissérie da Globo. Não acompanhei os capítulos da saga de Dalva (e seu Herivelto machistauó) mas vi alguns pedaços e, com isso, pude participar de alguns momentos culturais no cafezinho da repartição. E foi com meus saberes adquiridos pela origem plebéia da Zona Norte carioca que fui contemplada com as melhores memórias desse Rio antigo (ele me encantará até o fim dos dias, com os cenários históricos como os Arcos da Lapa e o bonde de Santa Tereza).
Desembarcou sobre minha mesa de trabalho, já na primeira semana do ano O morro e o asfalto no Rio de Noel Rosa, um presente e tanto. Com textos de João Máximo (jornalista, escritor, pesquisador e crítico musical, um profundo conhecedor da obra de Noel Rosa e parceiro de Carlos Didier, outro biógrafo do poeta musical) o livro traz um CD de canções (são 14, das 300 que Noel deixou) imortalizadas e fotos do saudoso cenário carioca dos anos de 1930. Uma jóia.
"Eu nascendo pobre e feio, ia ser triste o meu fim
Mas crescendo a bossa veio
Deus teve pena de mim"

Viva Noel Rosa, que não me ouça, jamais deveria ter ciúme da Bossa.