quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A arte de aprender a ensinar

Mais uma vez fui convidada a participar de uma aula na faculdade de Comunicação para relatar experiências como jornalista no mercado de trabalho. Como minha trajetória é 90% em comunicação institucional, com assessoria de imprensa e ferramentas afins, o tema era este. Tinha a ideia de planejar uma aula, começo, meio e fim, levar publicações, como fiz da outra vez, mas não deu. Como sempre minha rotina turbinada em três turnos e as múltiplas funções intercaladas com o direito que me concedo de estar a pequena Buda, meus pais, irmão, cunhada, sobrinhos e até meu cachorro (aliás, esse qualquer hora me reprova por frequência!) não li o que separei, não programei falas, nem anotei citações bibliográficas.
A "aula show" como definiu minha anfitriã foi exatamente o que deveria ser e não o que idealizei. Portanto, aí vai a primeira lição: frustração pelo que não fizemos não vale a pena. Nem sempre as expectativas que pensamos existir são reais. Para variar, falei tanto que o tempo estourou. Ouvi também, respondi muitas  perguntas e fiquei feliz ao manter todos ali, sentadinhos, me olhando, me ouvindo. Meu amigo e mestre que me convidou para a primeira dessas participações em sala de aula me ensinou que este é o desafio do bom palestrante, ou professor, orador: conquistar a atenção e despertar o interesse dos que ali estão para te ouvir e aproveitar o que dizes de alguma forma. Ninguém saiu da sala para fumar ou ir ao banheiro e não voltou mais. Ainda bem. Ficava constrangida ao ver professores passarem por isso.
Nunca fui mesmo muito apegada a teorias, credito a devida importância aos conceitos para orientar a prática e acho um pouco chato ficar botando citação ou nota em tudo que se fala ou escreve. Referências valorizo sim. Eu sou é muito prática e adoro as vivências, sobretudo as lições que tiro delas. Tanto quanto me deixa feliz passar adiante o aprendizado das minhas experiências.
Com os estudantes, estes para os quais falei no início da semana, os do outro convite aceito há alguns anos, com meus colegas de trabalho, colaboro e sou grata por isso. Ter a chance de contar o que vivi, bons e maus momentos, vitórias e fracassos, o que faria melhor hoje, recebo como um presente estes momentos. Adoro estar entre os mais jovens e as crianças porque gostam de uma boa historinha. A pequena Buda diz "mãe, fala daquela vez que você fez tal coisa" sempre que se depara com alguma situação em que precisamos recorrer ao manual das boas práticas da vida. Do mesmo jeito que minha mãe me ensina até hoje. Tenho uma coleção de vivências dela em histórias de fazer rir, chorar, pensar e mudar. A minha preferida da categoria "a curiosidade matou o gato" é a do dia em que ela quase foi parar no hospital com uma ervilha entalada em uma das narinas. Duvidou da vovó e quis tirar a prova, saber que cheiro tinha a bolotinha verde sobre a mesa, ignorando a recomendação sobre o perigo de se aspirar pequeninas coisas.