terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mais para Malu Mader do que para Malu Mulher

Adoro minhas amigas órfãs de seriados dos anos 70 que nem eu. Outro dia, uma engraçadinha me mandou uma foto da Regina Duarte naquele Malu Mulher. Sabe aquele em que ela faz a desquitada (na época era moda falar desquitada ou divorciada) e sua filha (Najara Turetta!) cheia de problemas pertinentes aos adolescentes naqueles anos?
Não que eles (os filhos, as situação da vida) sejam muito diferentes dos de hoje, mas acho que somos menos dramáticas que a Malu, bem mais práticas e descoladas. Graças a Deus. Também somos mais joviais, mesmo aos quase 40. Os editoriais de Cláudia e Marie Claire já anunciavam ali pelo início dos anos 90 que balzaquianas, só beeeem depois disso. O ser humano evolui, até um dia nascer sem dente siso, apêndice, essas coisas desnecessárias. Não precisamos ser chatas por motivo algum, certo? E, sinceramente, acho a Malu Mulher batalhadora e tal, mas é meio sem sal (não sei é poque a Regina Duarte a fazia assim) daquelas que adora entupir os ouvidos dos outros com chatices, tudo é problema, dilema, sofrimento. 
Mas aí quando eu li as matérias das revistas femininas sobre os novos perfis de mulheres, naquela ocasião não fiquei nem um pouco surpresa. Desconfiava disso e teria sido personagem das reportagens, se elas não tivessem sido editadas antes do dia em que minha mãe me colocou no meu devido lugar, pelo telefone, aos 30 anos. Liguei pra anunciar que estava grávida e chorei copiosamente, enquanto ela, muda, me ouvia soluçar: v-o-u  s-e-r  m-ã-e...
Ela achou que eu estava emocionada (e de fato eu estava) mas as lágrimas daquele momento ao falar com minha mamãe eram de medo, verdadeiro pânico de ser eu a mãe agora, quando me sentia uma adolescente, incapaz de me transformar assim, da noite pro dia. Ela me enquadrou, obviamente. Eu, como sempre, peguei no tranco. Até outro dia (mais precisamente há uns dois anos) eu ainda era meio garota, confesso. Agora sei lá, não é só porque ando de salto todos os dias, trabalho maquiada e quero um carro sedan que acho que estou mudando. Gosto mais de vinho do que de cerveja, mas só bebo uma vez por semana. Prefiro sair pra jantar, ir ao teatro, cinema ou festas. Não tenho paciência pra guitarras (eu deveria estar naquela passeata de 67 que Caetano detonou no filme que vi outro dia e comentei aqui). Meu gosto é mais exigente do que nunca no geral, não só para bolsas, perfumes e sapatos, entre outras preferências de consumo. Como tenho uma filha pequena para criar, não perco as medidas neste aspecto, me contento em ter meu bom gosto. Por enquanto.
Voltando aos seriados, outro remake me chega aos ouvidos em forma de pérolas que só as amigas despejam para nos fazer rolar no chão de tanto rir. Olha essa: "amizade colorida". Não lembro qual foi a última vez que ouvi esse termo, mas faz tempo. Pois como quem responde lá do topo da experiência de vida e relacionamentos, ela me saca essa do fundo do baú: - Ai, eu não quero mais saber de compromisso. Comigo agora é só amizade colorida. Relembramos tudo, da trilha sonora até a cara do Fagundão (ele mesmo, Antonio Fagundes, o galã barulhento de várias gerações) fazendo as vezes de fotógrafo gato e se dando bem entre as "amigas". Ai, ai, o que seria da vida sem esses momentos bembi (zarros), né?