terça-feira, 24 de novembro de 2009

Para não morrer na praia

O turismo náutico entrou na pauta como segmento de grande pontencial no Brasil mas, como toda febre, já rende polêmica. De um lado os donos de resorts e hotéis que acusam os transatlânticos de roubarem a sua clientela amparados por  "facilidades". Argumentam que não podem competir com os pacotes generosos, as condições de pagamento que atraem a terceira idade, a garotada querendo curtição em alto mar, a milhas dos pais, casais classe média com filhos, gays e outros grupos consumidores de viagens. No Brasil não há nenhuma regulamentação para a atividade, sua exploração acontece meio nos moldes do que os destinos em desenvolvimento "importam" das feiras internacionais. O problema de embarcar na tal tendência mundial sem antever uma série de impactos, como este que o setor hoteleiro argumenta (querem uma taxação menor que os tornará competitvos) ou mesmo como a ausência de infra-estrutura para que esses navios atraquem e as pessoas tenham uma programação que lhes ofereça lazer e turismo de fato, que essa atividade movimente a economia local, é que o negócio corre o risco de morrer na praia. Ouvi relatos que colocam em xeque a qualidade do produto, o que demonstra a falta de planejamento ou de foco. Um casal de uns 50 anos que ouvi não pretende mais investir nesse tipo de passeio. Os dois acharam tudo muito "fubá", desde a trilha sonora das festas (pagode e sertanejo metido a pop) comida, atrações, quase nada de opção. Pode ter sido uma escolha infeliz de cruzeiro (foram de Itajaí para Santos, depois rumo a Punta del Este). Imagino esse casal respondendo por elegância ao agente de turismo nas próximas férias: "Obrigada, nós enjoamos em alto mar. " Os filhos adolescentes adoraram as "baladas" ao som de Victor e Leo (excesso e ausência de hormônios justificam certos desprendimentos).
 As opções dentro de segmentos como o ecoturismo, turismo de aventura, religioso, náutico, compras, cultural, hidrotermal que se estruturam dentro de um destino diverso como o Brasil devem mesmo ser ofertadas por área interesse e devemos é decidir que visitante queremos atrair.
O último debate sobre "turismo e tendências" que acompanhei falava do viajante independente, o que  planeja seu roteiro, compra tudo pela internet. Certa vez recebi uma jornalista alemã de uma revista especializada em ciclismo que disse: "O turista adepto do cicloturismo (muito difundido na Europa) só quer desembarcar no aeroporto, montar sua bicicleta e  receber o mapa da rota que vai seguir."
 Sua preocupação, obviamente, é com a segurança das ciclovias. O futuro do turismo no Brasil promete, mas ainda temos muito o que remar e pedalar para receber com qualidade.