segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mr. Black Green e os segredos da cozinha para a felicidade


Quando cozinhava para crianças, costumava ter no cardápio uns pratos divertidos, tipo essa saladinha aí que fiz outro dia pra Bela e chamei de Black Green. Não é uma graça? O efeito é mágico e para quem torce o nariz diante dos verdinhos e demais colores no prato (quanto mais colorida for, mais saudável é a refeição) e a brincadeira de montar o personagem é um estímulo à experimentação. De vez em quando faço as minhas panquecas coloridas dos duendes, deliciosas e lindas como se fossem de massinha de modelar. A receita é a mesma das tradicionais. Apenas substituo a água (nunca uso leite) por suco de espinafre, cenoura, beterraba. Aí, o recheio pode ser de ricota com nozes, carne temperada, frango com açafrão (essa é bom usar na de massa verde ou vermelha).  Pensei que nessa fase roqueira-pre-adolescente-precoce ela ia esnobar meu James Brown orgânico, mas abriu aquele mesmo sorriso (não, ela gargalhou meeeeesmo) de pequenina, achando graça do boneco. A boca do carinha, assim meio de lado, fazendo tipão, é proposital, ok? Fiquei feliz ao ver que minha menina não perde "o bonde" (isso é inevitável e necessário, que fique claro aos pais) mas preserva a essência  de sua infância. Que seja criança enquanto tem de ser e não uma mini-adulta presa aos padrões impostos pela mídia e pela sociedade de consumodescontrol. Não sou comunista, nem consumista, sou normal. Minha filha cresce assim. Li outro dia sobre os perfis de crianças na faixa etária da minha e me apavorei com uns tipos bembi (licença para usar o nome do seu blog, Cibela?) que estão por aí: nerds, péla-sacos, peruinhas, descolets  decorados com o verniz social dos pais ou construídos pela ausência destes em suas rotinas.A falta de tempo, as exigências da vida moderna e todos os culpados que apredemos a reconhecer nos divãs ou nos artigos de especialistas nos confortam. Mas nada me parece mais simples e elucidativo: a inocência na dose certa faz bem para a alma e constrói pessoas melhores, com histórias de vida bem mais saborosas. Bom apetite !