quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Um ponto faz toda a diferença

Nada como ter uma colega de trabalho que acaba de entrar na casa dos vinte para me salvar das trapalhadas tecnológicas. Desde que adentrei à blogosfera foram muitas cometidas. Aline me tirou do limbo uma vez, bem lá no comecinho. Mas tinha algo tão fácil a resolver, o registro do endereço do blog que eu tinha feito de um jeitinho meio bizarro, sem ponto entre o "www" e o "bombocado", que só fui conseguir agora, com a ajuda da Mary, minha little assistente de marketing. Mas até que não fui tão sem noção assim. É que com o ponto, bombocado já existia. Canceriano é prático por natureza. Resolvi tirando o ponto e deu no que deu. Hoje Mary resolveu me tirar dessa cilada e fomos lá na configuração para transformar "wwwbombocado.blogspot.com" em http://www.bombocadodascoisas.blogspot.com/
Simples assim. Agora não terei mais de explicar porque o endereço do meu blog é diferente de todos os demais, um tanto quanto exótico, sem o ponto depois do www, essas coisas.

sábado, 25 de setembro de 2010

Observação de humanos

Era um dia ensolarado este em que aportamos  numa das baías mais belas do mundo, a praia do Rosa, no litoral Sul de Santa Catarina. Tinha em mente um encontro há muito desejado, há três temporadas adiado. Na companhia da minha pequena Buda esperava no segundo grupo pronto para embarcar rumo à costa e avistar a beleza da vida marinha no ritual que se repete nesta época do ano em águas catarinenses, as baleias Franca e seus filhotes aproveitando as águas mais quentinhas desse berçário natural. Planejei e até sonhei apresentar ao gigante dos mares o meu filhote, conhecer o seu, captar a doçura em seus olhos. Após a palestra dos biólogos do Instituto Baleia Franca, nos equipamos e subimos na embarcação flutuante utilizada em resgates, dessas que parecem de longe uma enorme bóia. O motor assume uma velocidade de até 40 km/h sobre as ondas, valente e seguro. Em poucos minutos estamos a quase mil metros de distância da praia e o que vemos é só mar, intenso, verde, lindo e assustador por sua imensidão. As aves sobrevoam por ali como se guiassem nosso barco para o local onde estão as baleias e suas crias. Já não podemos ver a antiga igreja construída com óleo extraído da gordura que elas acumulam no período de gestação até chegar aqui. Segundo os biólogos, ao final da temporada sem se alimentar, dedicando-se exclusivamente aos bebês, as baleias exibem os ossos de tão magrinhas. Mais alguns metros e já não enxergamos outro sinal do passado que queremos esquecer, a rampa diante da igreja, por onde elas eram arrastadas já sem vida.
O silêncio do motor do barco é um aviso de que estamos a pelo menos 100 metros da área onde aparecerão. Então nada mais se ouve, além do som das águas batendo no barco, uma solidão perfeita e agradável. O capitão ensina como nos apontará a direção do avistamento, utilizando o sentido horário do relógio. Lá de cima do barco indica.
- Baleia às 11 horas!!!
  Nos voltamos para o ponto em busca da imagem mais esperada. Ansiosas, as crianças querem se levantar, mas são contidas pelos adultos. A paciência vale ouro nesta hora. Uma cauda e uma barbatana ao longe revelam o que ainda está por vir, o grande espetáculo. Alguns relatos me fizeram crer que eu teria mais do que isso. Chega o momento.
 - Atenção, baleia às 9 horas!
Em pouco tempo descubro o quanto valera a pena esperar. De repente ela surge perto do barco, uma presença escura no mar, como um submarino que emerge e se aproxima rapidamente causando até susto. Chega tão perto que toca a lateral do barco, balança fortemente bem onde estou sentada. Ficamos cara-a-cara, eu e a mamãe Franca (e ela realmente é sincera, vem daí seu nome) sorrimos uma para a outra. Procuro seus olhos, meu coração bate acelerado, meu espírito se enche de paz e minha respiração vai ficando cada vez mais lenta. Não consigo dizer nada ainda, apenas sorrir. A vontade de tocá-la é grande e sei que não sou a única, por isso os biólogos fazem recomendações sobre como devemos agir nesta hora. Consigo, então, expressar em sussurro: - olá, como você é linda. Foi exatamente a frase que disse para minha filha quando seu rostinho enrugado e quentinho enconstou no meu e nos vimos pela primeira vez, na sala de parto.
O filhote preto e branco acompanha a mãe num delicado mergulho e passa por debaixo do barco, sai do outro lado e os dois rumam mar adentro para fazer acrobacias. Esguichos de uma respiração forte que se ouve quando estão bem pertinho de nós, saltos incríveis. Como ficam muito próximas da praia (e por conta disso eram presas fáceis) são elas que nadam até nós, curiosas, querendo interagir. Há 17 anos defendendo a preservação da área de procriação da Franca no litoral Sul de Santa Catarina e pioneiro no turismo de observação da espécie nesta região, nosso sicerone, Enrique Litman, explica que as baleias são mesmo seres solitários e que chegam assim tão pertinho dos barcos também porque são inocentes. Na verdade, são elas quem nos observam. Como toda mãe, as baleias zelam pelos filhotes repreendendo-os quando se aproximam demais dos barcos sem elas. A natureza é sábia e estabelece meios de garantir a espécie. Elas aprenderam de tanto sofrer os ataques humanos, que usavam como tática fisgar o filhote, mesmo sem serventia nenhuma, para atrair as mães. Do lado de cá também evoluímos e agora não somos mais ameaça. Não com arpões e dinamites, o que já é um grande avanço. Porém, vale assistir Océanos, filme de Jacques Perrin e Jacques Cluzaud, para perceber o quanto nossa intervenção pode ser danosa quando não percebemos que os seres dos mares desse planeta merecem nosso respeito.   
Nos despedimos das quatro mães e seus filhotes felizes e certos de que elas voltarão dentro de três anos, quando estarão prontas para mais um ciclo de renovação da vida.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

A vida recomeça

Tá, eu sei que meu coração é de manteiga e tento me policiar, mas hoje chorei porque soube nos bastidores que a baleinha ia morrer. Tava encalhada em numa praia aqui do litoral Sul, dodói, mentalizei para que sobrevivesse a fofona. Porém, me disse o especialista, temos de comemorar que muitas hoje se vão por causas naturais, não mais muito pela pesca predatória (a caça uó) graças a Deus. Aí, lembrei que meu pai tocava no som do nosso maverick branco, naquela época, uma canção do rei Roberto Carlos engajada numa campanha da época. Eu era uma pequena solidária à causa. Agora me pego a chorar de dó da baleia encalhada na praia e a sorrir, pensando nas novas gerações, que amam os animais, as flores, as árvores, o mar lindo, a vida que ali se faz presente. Tudo será bem melhor daqui por diante. Tem um monte de filhotes que nascerão e serão amamentados, bem pertinho de nós, na praia do Rosa. Namastê!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Um dia melhora

Na semana passada minha mãe foi vítima do trote de sequestro que canalhas bem protegidos dentro dos presídios cariocas aplicam em inocentes envolvendo seus familiares. Aproveitam-se do amor e da inocência para aprisionar mentes utilizando o que há de mais nefasto, o terror. Hoje acordo e encontro um ossinho desses industrializados encharcado de uma substância estranha que alguém jogou no meu terraço para calar meu cachorro, que assim como todos os da rua e do prédio, late. Sei da intenção porque recebi ameaças prévias.
Deixo aqui um manifesto pela paz e pelo respeito, na esperança de um dia nos ver cercados de mais pessoas de bem, carregadas de boas energias e com boa fé. Incapazes de agir apegadas a seus desejos e interesses, apenas, seres livres do ego. E como as eleições estão aí, vale registrar a desculpa esfarrapada do algoz de minha mãe ao telefone, enquanto barbarizava a vítima: - É, senhora, culpado disso é o governo. É por causa deles que vocês pagam, sofrem.