sábado, 22 de maio de 2010

Boa noite

Pistas desordenadas, buracos ameaçadores, sinalização precária, megafilas exaustivas, desde o acesso à BR, ainda em Florianópolis. Estamos em obras, desculpem o transtorno, aviso aos navegantes. O caos temporário trará o absoluto desfrutar de um novo horizonte, aguardem. Quase seis horas de estrada nos esperavam. No caminho encanto os convidados apontando a Imbituba das Baleias, a Laguna de Anita. Jornalistas não esgotam pautas, a viagem começa com nossa integração contra o tédio do congestionmento. Causos, risadas, favas contadas de coberturas, vida de repórter, mais um gancho, nova edição e assim nos distraimos. Se o jantar de recepção na chegada ao pé da serra já deixara de ser possível, o negócio era encontrar um lugar à beira da estrada para matar fome, saciar a sede. Nada além de lamparinas vermelhas sinalizando diversão farta e de raras ofertas de frituras vencidas nas vitrines embassadas das lanchonetes. Decidimos abdicar da refeição. Nossa previsão de chegada estourara fazia tempo, diante da lentidão do tráfego gerado pelas barreira que despencaram sobre o asfalto em construção. Foi então que nosso guia (de direção e turístico) nos vem com a melhor opção esperada. Um rodízio de massas e pizza, em Araranguá. Na chegada, somos saudados com Namastê! (inclusive este era nome do estabelecimento). Em menos de 20 minutos éramos quatro felizes diante dos pratos de variadas massas e molhos, pizzas e uma garrafa (resfriada?!) de Cabernet. Tudo bem, ainda não começamos a degustação profissional, foi só nosso jantar de chegada improvisado no caminho com grata surpresa. Entramos em Praia Grande, passamos pelo pequeno centro movimentado pela sexta à noite e logo o asfalto vira chão batido. "Aqui não tá pronto ainda, por causa de um casal de rã que precisa ter seu território preservado", explica o nosso guia. Amanhã teremos detalhes sobre esta admirável decisão a respeito do progresso que abre caminho na natureza para o turismo, adianta ele. Eu que já vinha desmitificando a previsão alarmada de ciclone que assustava os colegas da imprensa carioca em nosso território, apontando uma ou duas estrelas que catei no céu e a lua clara entre as nuvens cinzas, valorizei a história das rãs (no melhor espírito Avatar) e assim ganhei um box verde na matéria. Agora estou teclando de um chalé azul com aberturas brancas bem fofinho, até parece uma casa de bonecas. Os fundos dão para a floresta coberta por uma bruma misteriosa de onde ouço a sinfonia noturna que me fará adormercer em poucos minutos. Estou na Pousada da Colina, que tem comunidade no Orkut e horta orgânica com as bananinhas mais doces que já experimentei na minha vida.


Amanhã às oito da matina seguiremos para  o Canyon do Índio e Itaimbezinho e teremos uma trilha. Já decidimos percorrer talvez metade das sete horas previstas de caminhada. Não temos preparo físico para tal e concordamos que a visão do alto é o grande apelo.
Sinfonia de seres da floresta e agora a chuva são promessas de um sono calmo e profundo. Boa noite.