quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Como ser legal

O vento súbito arranca telhas, sacode as árvores violentamente, arrasta fios de telefonia, desmorona alicerces de uma construção perto do meu trabalho. Apagão geral, produzi uma nota apenas e descobri que a vida parece nula fora do mundo virtual. Quem diria, não estamos nem aí pra natureza e não vivemos sem a internet, esse universo paralelo, nada palpável, sem cheiro, gosto, forma. Mas, sem muito querer filosofar, já o fazendo, dei uma geral agora pelos blogs, noticiários online e vi que a fúria de titãs saiu devastando, matou gente pacas aqui no Sul. Em novembro do ano passado, sobretudo em Santa Catarina,  de Norte a Sul, o final do ano de 2008 foi triste pra muita gente. Não tem dinheiro do governo ou solidariedade do próximo que repare os estragos feitos nas vidas dessas pessoas depois de tragédias. Mas nada é por acaso. A solidariedade nos acalenta porque é assim que reforçamos nossa fé na essência humana, que tomamos sacodes necessários.
É hora de pensar no que fazemos, em quem somos neste epetáculo dirigido por Deus. O que nele nos encanta, faz rir e chorar, sofrer e celebrar. Que nessa vida não temos tempo pra nada, mas encontramos tempo demais para pequenices. É hora de ser gigante, como a natureza. Li uns comentários de leitores no noticiário catarinense e, pelo que percebi, quando o medo bate, todos ficamos sensatos. Um leitor reconhecia que "os ecochatos estão com a razão". Outro dava explicações apocalípticas e citava a inversão térmica, causada pelo aquecimento global e outros fenômenos propalados pelos cientistas. Tinha maluco vibrando com as big waves que podem pintar no litoral, fazendo o estilo camicase do tow in. Aqui da minha janela vendo o tempo passar e o vento soprar ameaçador, sei que preciso fazer mais pelo planeta. A começar por reciclar meu lixo, tornar isso um hábito mesmo, não só separar latas e garrafas dos encontros em casa com amigos.
Engraçado, hoje pela manhã vi minha sacola retornável atrás da porta da área de serviço e tomei a atitude que vivo prometendo aos empacotadores do supermercado, como que me justificando pelo descaso. Levei pro carro e pretendo usar na próxima vez que o consumo me colocar de cara com minha consciência. Até no shopping! Já pensou que engraçado? Me imaginei garimpando araras dos magazines e carregando tudo na minha sacola de pano. E no sacolão também. Mesmo quem tem o carrinho de feira leva as frutas, verduras e legumes naquelas sacolas plásticas verdes ou saquinhos transparentes. Não custa, é mesmo questão de praticar e de mudar de atitude. Agradeço por ter minha pequena Buda me dando lições que traz da escola sobre o amor à natureza. Me ensinando, no dia-a-dia, como ser legal.