domingo, 27 de junho de 2010

Crianças e a esperança de dias melhores

Ontem meu coração se encheu de emoção. A noite de comemoração dos nove anos da Mostra de Cinema Infantil era da Luíza Lins, de sua equipe e das milhares de crianças gratas pelo presente que este lindo produto da insistência dela foi para todos nós. Sinto que faço parte desta história tão bem contada, eu e a Bela, desde que marcamos presença nas sessões dos filmes para crianças, mesmo quando ela nem entendia muito o que aplaudia. Cantarolamos muito e bem alto nos shows do Palavra Cantada, comemos toneladas de pipoca, passamos boas horas jogadas nos pufes apreciando a literatura sempre presente na mostra, a Bela aprendeu flip book em uma das oficinas, acompanhamos a dedicação e a correria de amigos envolvidos na pré-produção deste grande evento do cinema infantil e eu, nos últimos três anos, trabalhando na Secretaria de Cultura do Estado, sei que a luta dos produtores culturais é imensa e aprendo que os guerreiros dessas causas nobres são merecedores de cada incentivo que recebem. É inquestionável o ganho social que Santa Catarina teve ao construir o que podemos já chamar de calendário cultural. As mostras internacionais como o FAM e a de Cinema Infantil, o projeto Cinema na Favela, o Catavídeo, a Maratona do Cinema o Fita, o Festival Isnard Azevedo de teatro e os tantos outros acontecimentos anuais são motivo de orgulho para quem está nos bastidores e para quem tem a oportunidade de acesso aos produtos culturais hoje ofertados gratuitamente ou por preços simbólicos de bilheteria. No caso da Mostra, a itinerância ainda promove a inclusão das crianças de várias cidades catarinenses. Aliás, dado ontem divulgado pelo representante do Fórum de Festivais de Cinema dizia que somente 8% das cidades brasileiras têm salas de projeção. Então veja a carência a ser suprida por mostras e programas estaduais como a Maratona do Cinema, a tela itinerante de cinema da Secretaria de Cultura e FCC.
A cerimônia da noite de sábado terminou com um vídeo institucional da Mostra de Cinema Infantil, passando por todas as edições, os melhores momentos desde 2002. Eu fiquei como criança apontando personagens de filmes que vi ao longo dessa feliz existência da mostra. O Kirikou, meu predileto, tava lá. Muitos rostos conhecidos e muitos recém-chegados, estudiosos e aprendizes do fazer para crianças enfeitavam a platéia. Muitos abraços e lembranças boas, tantos planos para o futuro circularam pelo salão no coquetel servido depois. Até recebemos benzeduras e sabedoria do nosso multiartista Valdir Agostinho. Usando na noite de festa um sapato performático coberto de bonequinhos, de ursinhos carinhosos a fofoletes, ele cantou seu novo trabalho musical. A canção sobre um romance tem na letra 26 nomes de peixes típicos daqui.
Da minha fada Gilka (ela sorri com um brilho de fada tímida quando a chamo assim) a mestre que me iniciou na produção infantil, quando eu nem sonhava um dia ser a criadora da Sinha Saúde, ouvi uma história (ela é uma doutora em comunicação, especializada em mídia e educação e uma encantadora contadora de histórias também) que me fez tremer o queixinho. Nunca esquece de uma ocasião, quando nós éramos meninos e meninas, seus alunos na faculdade de jornalismo da UFSC. Diz ela (e eu preciso mesmo que sempre me lembre disso) que quando criou a disciplina de produção de texto infantil, fui das primeiras a me inscrever e a defender o que muitos criticaram, chamaram de bicho-grilice. Meu argumento, rememorou a mestre-fada, foi bem simples: - Por que não nos ensinarem a escrever para crianças? Não fazem nada de qualidade para elas hoje na mídia!
A visão de Gilka Girardello como formadora de novos profissionais de comunicação foi uma ação afirmativa. Não fossem estas iniciativas, como a de Luiza, ao criar a Mostra de Cinema Infantil e a realizar, ano a ano e com grande superação, como as de tantos outros preocupados com o presente e o futuro da humanidade, tudo estaria na mesma. Naquela situação de lá, a que me serviu para reivindicar o direito de ver no curso de graduação um tema útil, que qualificasse meu currículo e um dia me proporcionasse ser mais do que uma cumpridora de pautas. Obrigada Gilka.

Sobre o infinito


Deseje amar


Num dia de sol


Um céu da cor do meu sonho


Uns olhos da cor do meu céu, do meu mar


Meu coração desperta


Tua luz me preenche


Tua cor me pertence


De um tempo fugaz


Uma lembrança se faz


Fica aqui


Me abençoa


Cobre meu corpo como uma concha


No teu afeto abandonado


Eu quero ficar


No meu desejo de amar


Fica e deixa rolar


O meu amor pra dar


Queira aceitar