quarta-feira, 10 de março de 2010

O efeito Avatar


Engraçado, Avatar não levou o Oscar de melhor filme e me parece, sem ainda ter visto o vencedor (Guerra ao Terror), ser a grande lição de vida e amor supremo. Mas não  é porque ficou sem a estatueta da Academia que Avatar deixa os méritos para qualquer outro filme da temporada. Pelo menos entre os que vi. Quando entrou em cartaz, li a matéria sobre a saga de sobrevivência dos Na'vi, de Pandora. A sinopse me encantou, mas meus olhos grudaram na foto do abre de página por causa do homem e da mulher azuis, com orelhas pontudas, quando aunciavam a entrada do filme em cartaz no Brasil. Adoro essas fantasias, brumas, cores, mágica que vejo desde muito frequentemente nos filmes da Barbie, com minha filha. Mas, com os requintes dos efeitos e da ficção adulta de James Cameron, certamente seria uma experiência incomparável. Demorei, só fui conferir isso ontem, abandonando quase tudo o que já tinha lido e ouvido sobre o filme.
Desci as escadas da sala de cinema rumo à porta de saída meio tonta, não só por causa dos óculos 3D, mas por todos os estímulos sensorias aos quais esse filme me submeteu. Ouvi que muitas pessoas se dizem "sob o efeito de Avatar" por algumas semanas, depois de assisti-lo. A sensação aumentada pela projeção em 3D é potencializada, claro, mas não sei explicar o que se passou comigo a cada frame dessa película. Diversas e intensas emoções, todas elas muito boas, prazerosas. O amor que mexe com os sentidos não é nem aquele ao qual estamos acostumados a ver nos filmes românticos, até porque Avatar é um filme de aventura. É algo muito maior, associado ao coletivo, ao mundo, ao que trazemos registrado na essência humana. Senti as energias que aquela corrente de gente azul movimentava, ligados à árvore, à terra para salvar uma vida, várias vidas, do seu povo e dos demais  habitantes de Pandora e, especialmente para vencer  as forças opostas com bondade, pureza, amor e respeito. Foi maravilhoso.
Nesta manhã de sol, ao caminhar com meu cão pela beira mar, inspirar o ar puro, olhar para o céu, admirar os pássaros, o verde ao meu redor, pude entender a mensagem de Cameron e de muito o que tenho lido e ouvido ultimamente. A esperança está na natureza e minha caminhada de hoje me fez perceber que estou e  quero permanecer sob o tal "efeito Avatar". Com a natureza trocamos energias, nos renovamos, ganhamos uma força incomum e imbatível. Uma nuvem de libélulas nos cercou até a ponta do trapiche. De lá, bem no meio do mar, vimos peixes saltarem em várias direções. O som das marolinhas batendo nos barcos, o mais belo mantra matinal que conheço, foi quebrado pelo farfalhar de uma rede sendo preparada para ir ao mar promover "a morte limpa" do peixe para o alimento do homem. Este que, no fim de sua existência, devolverá essa energia à natureza. Assim ensina o povo azul de Pandora, assim acredito que é.