domingo, 28 de fevereiro de 2010

Anteninhas do mundo

Ontem torcemos com nossas amigas (mãe e filha também) para que encontrassem seus parentes em viagem pelo Chile e sem contato com o Brasil, desde o terremoto que matou centenas. As duas meninas conectadas pelo serviço de mensagem instantânea falavam sobre a catástrofe, pautadas pelos adultos e seus relatos naturalmente ansiosos, apreensivos, apegados à fé e à esperança. Inevitavelmente as notícias atualizadas na rede pela qual as pequenas teclavam produziam uma narrativa peculiar sobre o acontecido, naquele alfabeto de códigos indecifráveis que as crianças adotam no MSN. Seus inocentes processadores da realidade, abastecidos com as informações do mundo adulto, demonstram o quanto elas temem pelo futuro do planeta e como é desafiador educar um filho, quando a mídia e a informação nos atropelam. Negar o acesso é impossível, a convivência social e em família teria de ser outra e não é o caso. Porém, ser o mediador entre esse mundo real e aquele que pertence à criança é tarefa dos pais e da escola.
Falemos da nossa parte a quem, primeiramente cabe livrá-las dos medos. Afinal a proteção é o que mais os filhos esperam dos pais, seguida dos saudáveis limites. Depois é fazê-los perceber que tudo pode melhorar com boas atitudes. Desde cuidar do meio ambiente, ajudar as pessoas a se recuperarem dessas tragédias, mentalizar positivo para a tia da amiguinha lá no Chile, pela coletividade afetada, até acreditar que a ciência pode ajudar a gente a impedir as catástrofes ou minimizá-las. Só sei que o sábado dedicado a caseirices me fez exercitar o pouco que aprendi sobre crianças, educação e mídia.


- Mãe, o que é tsunami? Ela pode chegar aqui? Vamos pra São Paulo, lá pode chegar?

O alívio vem do pisca-alerta cor de laranja na tela do computador. Uma trégua para comemoração.

- Mãe, a tia da Maria fez contato, ela tá bem!

Parecia que o terremoto no Chile encerrava a participação no dia dela. Foi brincar com as bonecas. Mais tarde recebo uma determinação da pequena candidata a mochileira.
– Mãe, não vamos mais para o Peru, lá pode ter tsunami. Nem para o Havaí (a gente quer dançar hula-hula como a Lilo, a Nani e o Stitch ao som de Elvis) e pro México.
Bem, não vamos pensar nisso agora.