domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mas, já?

Lá vem mais um ano letivo e minha pequena Buda, como a maioria dos pimpolhos em idade escolar, está com aquela cosquinha danada na barriga, contando as horas para voltar à escola. Passou tão rápido que parece que meu post sobre a estreia dela na nova escola foi publicado ontem, né não?
Arrumamos o estojo e a mochila na primeira hora desse domingo e separamos seu uniforme no sábado! Nem assim parei de responder sobre os detalhes para o grande retorno:  - Mãe, a que horas tenho de dormir para acordar cedo?
- Todos precisamos dormir oito horas, filha. Ensino.
- Ah, não, é muito cedo, manhê.
- Não, filha, você deve dormir oito horas por dia e não às 20 horas. Isso é para você ter saúde e disposição para ir à escola, aprender, brincar, se desenvolver.
- Ainda bem, você quase me matou de susto. Acalmou-se.
Assim como aconteceu comigo, a quarta série trará para ela a novidade da mudança de turno. Pequena Buda vai pular cedinho da cama, ver o sol raiar, enquanto se prepara para o dia de aula. Eu fui para o período vespertino nessa idade. Achei que seria bom dormir até mais tarde, ver a programação de desenhos da manhã, mas logo descobri que aquilo não era para mim. Além de prefrir filmes da Sessão da Tarde, meu balé, andar de bicicleta na rua com a turma até o final do dia, tudo era mais lento e preguiçoso, desde o meu despertar, até a passagem das horas na escola à tarde. Não que eu não gostasse de estar lá, mas é que pela manhã a vida parecia ser mais dinâmica no colégio. Irmã Gabriela assobiava no jardim, podando as rosas e nos chamava para ver a horta. À tarde ela dormia, nem víamos a rechonchuda freira.
Prefiro que minha filha se acostume a acordar cedo e a cultivar disposição. Pelo menos me parece empolgada com a nova rotina, diz que terá a tarde para brincar com as amigas do condomínio, participar mais ativamente do clube Planeta Água. Membro do conselho diretivo da organização pelo bem do condomínio, das pessoas e do planeta, evidentemente, hoje ela me contou que a criação da segunda sede do clube do condomínio não foi uma expansão, mas sim a quase quase dissolução do Planeta Água, um racha. O que seria uma grande perda para todos nós, acostumados às benfeitorias da organização, há mais de um ano. Bem que notamos a ausência de mensagens coloridas nas portas dos elevadores, da barulheira pelas escadas dos prédios. Claro que só descobri o que de fato aconteceu nos bastidores porque a questão já foi resolvida e a paz voltou a reinar. Duas sócias do Clube fizeram uma intriguinha e tentaram minar a amizade entre a pequena Buda e a Jujuba, que são muito unidas. Jamais esqueço a primeira das muitas pérolas de Jujuba, de quando chegamos aqui no condomínio: - Olha, você tem sorte de ter a mim como amiga da sua filha.  - Sério, por que?  - É que eu gosto muito dela.
Espontânea e verdadeira, Jujuba é uma grande amiga mesmo para a pequena Buda. Tanto que, minha menina, que tem um coração imenso e uma intuição e tanto, não engoliu a fofoquinha assim fácil, embora ambas tenham ficado chateadas.  - Mãe, eu sabia que a Jujuba não faria isso comigo, não poderia ter acreditado nelas. Agora sei que ela não fez nada do que as meninas disseram. As meninas também se arrependeram porque viram que não se deve querer estragar a amizade dos outros. - Mãe, rasgamos o documento que criava a sede nova do clubinho, eu e Jujuba. O Planeta Água é um só e somos todas companheiras. 
Ufa, não sei o que seria de nós aqui, adultos mal acostumados a separar doces para o Halloween delas. Imagina a ausência que seria para o senhor que um dia reclamou das bruxinhas e, no ano seguinte, já abriu a porta, sorrindo, com algumas balinhas nas mãos. Os estudantes, que habitam o condomínio em crescente escala, até já entregaram uma pizza que era consumida no exato momento em que a campainha tocou para entrarem na brincadeira. Fiquei feliz porque um dia ouvi comentarem no elevador que acharam divertido participar e que as crianças alegram o condomínio. Nem sabiam que eu tinha ajudado a comer a pizza, que a parte de brócolis tava ótima, e que lavei o tabuleiro deles para ser devolvido no dia seguinte. Agora boa noite, já é hora de nanar porque amanhã acordaremos até o galo sem relógio. Sim, ele existe, mas outro dia eu conto essa história.