sábado, 20 de março de 2010

Enquanto isso aqui na Terra...

Se não fossem o mar, a brisa, a paisagem de cinema, meus amigos, os da minha filha, minha família, meu canto, não acharia mais tão absurdo pensar em voltar para minha amada terra de ninguém. De vez em quando o vento trazia o cheirinho bom da maresia me chamava à Terra. Pensei que fosse surtar no inacreditável congestionamento da tarde dessa quinta-feira. Nunca imaginei levar duas horas e meia presa no trânsito de Floripa. Nem a respiração do yoga, nem minhas mais positivas telas mentais me salvaram do estresse coletivo que se materializou nessa cidade. E olha que o pior dia  (o do megatrânsito) é sexta, quando nem cogito cruzar a ponte. Mas é que eu fui levar meu pai ao tratamento dele. Do centro ao continente levei uma hora e meia, só na marcha lenta. Na volta recorri a caminhos alternativos para escapar do engarrafamento que começava já no túnel de saída da rua da casa dos meus pais, ainda na BR-101. Me senti em plena Marginal Tietê, exercitando todo o desprendimento que adquiri com relação ao meu precioso tempo quando não me restava outra postura. A vida na selva urbana educa a gente.
Da ponte percebi que o melhor seria chegar ao Itacorubi pelo Sul. Parada na rua principal do bairro, me distraio tentando relembrar onde ficava o clube local, o Limoense (já fui numa domingueira lá com a Gisa. Como a gente se divertia...). O papo de duas moradoras na calçada me arranca do transe e também assalta minha esperança. Percebo que não vou chegar antes das 19 horas no local pretendido.
 - Credo, morreu alguém famoso aqui do Saco, nunca vi tanto carro assim, só pode ser cortejo.
As duas caem na gargalhada e eu embarco no clima de piada. O melhor a fazer é rir, sabemos disso.
Olho para meu pai em busca de alguma cumplicidade, mas ele dorme o sono dos despreocupados. Já falei aqui nesse blog que admiro isso nos velhos, a total resignação. Pulo três músicas seguidas no CD e percebo no meu gesto frenético um sinal de que a paciência se esvai. Eject!
O próximo, por favor. Me vem Lenine com uma certeira: - Esse lugar é uma maravilha, mas como é que faz pra sair da ilha? É pela ponte, pela ponte.
Lenine, tá tudo trancado lá, rapá.
E ele responde em outro verso: - A ponte não é para ir nem pra voltar, a ponte é somente atravessar, caminhar sobre as águas desse momento.
Tá certo. Bora.

2 comentários:

Anônimo disse...

quinta foi um dia atípico mas nem tanto, tbém mofei no transito... nega, que baque é esse?

Christiane Santoro Balbys disse...

Não me avexo, meu corpo remexe sem se perguntar por que? Adoro essa canção que Lenine fez pra mim,kkkkkk, si achei agora.
Besos, vai lá no Centrosul,vamos levar as pipocas para uma viagem pela cultura catarina, do Norte a Sul, de Leste a Oeste. Topas? Mini-me-liga.